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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Sem despedida



Já fazia um pouco mais de uma hora que ele havia saído e ela não sabia para onde. Haviam discutido sério e dessa vez parecia não ter mais volta. Não que ela não o amasse, mas a reação dele foi diferente das outras vezes. Ele sempre fora muito calmo diante dessas situações, porém como o relacionamento já estava em crise há algum tempo, aquela discussão parecia ter sido a gota d’água e por isso ele resolveu ir embora. Não sabia o que fazer, estava com raiva, mas também estava com medo de perdê-lo.
Pensou em ligar para o celular dele. Antes mesmo de completar a ligação, desistiu.
Estava com medo da reação dele, de que continuassem a discutir e a coisa piorasse ainda mais. Ela o amava. Sabia disso. Tinha certeza que não conseguiria vivar sem ele, mas não sabia se ele ainda a amava. A única certeza que tinha era de que o queria de volta.
Não tinha notícias dele. Tomou coragem e resolveu ligar. Ele não atendia. Ainda está com raiva — pensou.
Sentou-se então em qualquer canto da sala e ali no chão adormeceu pensando nele, em seu abraço caloroso, no carinho com que dizia que a amava e em seu olhar sério e penetrante.
De repente o telefone tocou, era o número dele, mas não ouviu a sua voz.
— Alô! Alô! — ninguém respondia.
De repente a campainha do apartamento tocou, mas também não era ele. Era o entregador da floricultura lhe trazendo um buquê de rosas, sem mensagem, sem cartão.
Naquele momento sentiu a dor da dura despedida. Era definitivo, ele não voltaria mais para ela. Chorou.
Não havia mais o que fazer, porém tudo o que ela queria era ser somente dele, nem que fosse pela última vez, nem que fosse somente para se despedir.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Insônia II



Há algum tempo que ele não aparecia. Sempre tivera a sua presença por perto, no entanto, já fazia um bom tempo que ele sumira, mesmo assim o esperava todas as noites. Acreditava que a qualquer momento ele retornaria para lhe fazer companhia, pois não conseguia viver sem a sua presença. Essa ausência repentina e sem motivo aparente incomodava. Precisava dele em sua vida.
Não sabia ao certo por que havia ido embora, assim de repente. Fazia de tudo para que ele voltasse, às vezes achava que só dependia de sua própria vontade. Talvez o estresse do dia a dia, a rotina, os problemas pessoais o tivessem afastado de sua vida. Não sabia ao certo. Tentava de tudo para suprir a ausência dele, desde terapia ocupacional, sessões no psicólogo, até o uso de remédios que amenizassem a falta que sentia dele. Nada disso adiantou.
Então naquela noite decidiu acabar com esse sofrimento. Faria com que ele aparecesse, por bem ou por mal. Só não queria mais viver daquele jeito.
E foi assim que resolveu viver a partir daquela noite que aos poucos foi escurecendo a sua razão, até que já não tinha mais como voltar atrás, e quando seu corpo atingisse a calçada lá embaixo viveria enfim para sempre com ele uma noite de sono eterno.



“Mas um conto é apenas um conto, que eu conto, reconto e transformo em outro conto.”
(Marina Colasanti)

Insônia I



Há algum tempo que ele não aparecia. Sempre tivera a sua presença por perto, no entanto, já fazia um bom tempo que ele sumira, mesmo assim o esperava todas as noites. Acreditava que a qualquer momento ele retornaria para lhe fazer companhia, pois não conseguia viver sem a sua presença. Essa ausência repentina e sem motivo aparente incomodava. Precisava dele em sua vida.
Não sabia ao certo por que havia ido embora, assim de repente. Fazia de tudo para que ele voltasse, às vezes achava que só dependia de sua própria vontade. Talvez o estresse do dia a dia, a rotina, os problemas pessoais o tivessem afastado de sua vida. Não sabia ao certo. Tentava de tudo para suprir a ausência dele, desde terapia ocupacional, sessões no psicólogo, até o uso de remédios que amenizassem a falta que sentia dele. Nada disso adiantou.
Então naquela noite decidiu esquecê-lo. Não queria mais se preocupar com isso. Viveria mesmo sem ele. Arrumaria um jeito de não sofrer mais por isso.
E foi assim que resolveu viver a partir daquela noite que aos poucos foi acalentando sua alma, até que já não podia mais perceber a presença dele velando enfim o seu tão esperado descanso, pois havia adormecido depois de tantas noites em claro esperando por isso.