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sábado, 28 de janeiro de 2012

Um novo agitador cultural

Esta semana eu estava lendo a reportagem Onde está Oswald?, publicada na edição de julho (nº 167) da revista BRAVO!, de autoria de Barbara Heckler e João Gabriel de Lima, que questionava se existem hoje agitadores culturais tão relevantes quanto Oswald de Andrade foi em seu tempo?

É uma pergunta difícil de ser respondida, pois a intensidade com que Oswald incendiou a cena cultural do início do século passado é o que o torna um agitador inimitável, além disso o momento atual é pobre em relação à produção artística daquela época e, embora a diversidade e a multiplicidade de estilos permeiem a arte nos dias de hoje, as novas tecnologias e a internet descentralizam o fenômeno cultural contemporâneo.

Como a arte é pouco valorizada pela maioria da sociedade que tem olhos apenas para as expressões artísticas de entretenimento em massa através das mídias convencionais é difícil encontrar e destacar alguém que se identifique como agitador cultural em nossos dias. Podemos encontrar um ou outro que faça alusão a propagação das artes, estimulando escritores, artistas plásticos, atores, músicos. Porém em uma sociedade miscigenada culturalmente, embora globalizada, encontrar uma unidade ideológica entre as artes é quase impossível. Os artistas estão submersos em seus próprios trabalhos, preocupando-se com suas próprias obras mais do que em incitar movimentos, talvez até mesmo por falta de fé na extensão histórica que eles mesmos poderão alcançar mais tarde.

Mas como no fim do túnel há sempre uma luz de esperança, e como os agitadores são sempre seres apaixonantes, destaco nos dias de hoje Marcos Almeida, o jovem vocalista de uma banda de rock independente denominada {palavrantiga}, que tem se tornado um expoente de uma classe que é vista como avessa a cultura de um modo geral. Desde que a banda se formou e conquistou seguidores através das mídias virtuais e redes sociais, Marcos Almeida tem ganhado notoriedade entre os jovens por suas letras poéticas, algumas com claras referências literárias, pois além de cristãos evangélicos declarados, o {palavrantiga} é conhecida por ser uma banda de rock sem rótulo, e isso se deve ao seu vocalista que insiste através da home page da banda, ou de seu blog pessoal, e mesmo de amigos, em incentivar seu público a buscar através da cultura as respostas para as questões que permeiam a vida humana, sejam evangélicos ou não, pois em sua concepção:

“Está aí o principal motivo para qualquer produção cultural; a fome de céu, ou, o mundo inteiro que mora dentro de nós e que carece de luz, pois é só escuridão.”
(Marcos Almeida – nossabrasilidade.com.br)

Postando em seu blog textos que na grande maioria são poemas de autores consagrados,  além de comentá-los expondo seu ponto de vista sobre a arte, Marcos Almeida tem contribuído para que haja uma mudança na visão distorcida que muitos têm quando se professa a fé em Jesus e se diz evangélico e ao mesmo tempo valoriza-se a cultura e a arte, independentemente se são de cunho secular ou religioso, o que de certa forma tem agitado a cena cultural atual. E não só utilizando a web, mas por onde tem passado, seja nas apresentações da banda, em cafés literários, ou em qualquer evento cultural que tem estado presente, esse jovem de futuro promissor tem conseguido incitar a muitos a buscar resgatar principalmente a valorização e o gosto pela cultura nacional, e assim expressarmos a nossa brasilidade, sempre respaldados pela fé em Deus, o que em sua visão é o principal combustível para a expressão artística do homem como resultado do anseio pela eternidade posto por Deus em seu coração.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A ROSA E A BORBOLETA

Finalmente seu pai havia acabado mais um quadro. Estava ansioso para ver o que ele pintara. Era sempre assim, gostava de ficar no atelier vendo aqueles quadros, imaginando a história de cada um e quando o pai deixava, lambuzava alguma tela com tinta também, mas somente enquanto esperava-o terminar suas obras de arte.

Gostava de quase todos. Algumas pinturas ele não entendia, outros eram muitíssimo lindos, e sempre que o pai entrava ali, corria para ver como seria a mais nova preciosidade que nasceria daquelas mãos que com tanto carinho, muitas vezes lhe abraçava e que com o mesmo sentimento acariciava aquelas telas.

Mas naquele momento, lá estava ele, pendurado na parede, o mais novo quadro, recém saído da sensibilidade de seu jovem pai, perto da janela. A tinta ainda fresca, não impedia que a beleza contida na tela fosse admirada. Seu pai com um olhar sereno caminhou em sua direção, como que perguntando: “Gostou?”, e em silêncio deu-lhe um beijo nas bochechas saindo em seguida, deixando-o sozinho no atelier.

Como em estado de hipnose, Ele ficou, ali, parado, quieto, em silêncio, apenas contemplando a bela rosa branca, delicadamente pintada naquele quadro. Era uma rosa feita de papel de cartas. Cada pétala era uma carta e muito provavelmente, cartas de amor de algum romântico apaixonado. O que estaria escrito naquelas pétalas? Poemas, declarações de amor, carta de despedida, não sabia. Sabia apenas que era uma singela flor e que estava sozinha naquele quadro, solitária em seus segredos, silenciosa em suas pétalas, a espera somente de um lugar ideal para desabrochar na imaginação daqueles que a contemplariam.

De repente o vento de final de tarde soprou suave invadindo o ambiente pela janela, balançando a cortina, trazendo em sua companhia uma pequena borboleta, que com toda a beleza de seu vôo, vasculhou cada canto daquele pequeno cômodo, como que escolhendo um lugar para sossegar as suas asas.

Ele, o menino, apenas acompanhava com os olhos o belo voo da borboleta, tentando adivinhar onde ela iria pousar, e num estalo, imaginou como aquela rosa solitária ficaria feliz com a companhia de uma borboleta pintada ao seu lado no quadro, com quem, assim, poderia compartilhar os seus segredos de amor. Correu então para falar com seu pai e pedir-lhe que fizesse conforme imaginara.

Porém quando voltou ao atelier, quão grande surpresa ambos tiveram, pois com uma nova lufada, o vento suavemente empurrou a borboleta que, com sua fragilidade, se deixou vencer pela força do vento e pelas artimanhas do destino, acabando assim, presa na tinta fresca, ao lado da rosa e livre na ingênua imaginação do menino.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Eu sou brasileiro, com muito... com muito o quê?

Inspirado nos textos publicados por Marcos Almeida da banda {palavrantiga} em seu blog nossabrasilidade ontem (22/01/2012) e hoje, resolvi reeditar um texto meu escrito durante as últimas eleições municipais (2008).

Eu sou brasileiro, com muito... com muito o quê?

Hoje acordei pensando sobre quantas razões temos para bater no peito e cantar o hino nacional? Sobre quantos motivos temos para gritar bem alto que somos brasileiros com muito orgulho, com muito amor?


Conheço vários jovens e adolescentes, cujas atitudes, pra mim, são um exemplo de como a nossa nação não nos dá motivo pra sermos patriota. O maior desejo deles é ir para fora do Brasil, pois acreditam que tudo o que é bom mesmo vem lá de fora. O pensamento em comum é: “Pra que se empenhar por um país que não nos oferece motivos para amá-lo!”. Eles estudam mas não acreditam na educação; os bandidos se transformam em heróis, porque a polícia na verdade é do time do mal; político é tudo ladrão no submundo do Palácio Central e o Brasil é só um país subdesenvolvido de terceiro mundo.

Esse não é uma atitude isolada. A nossa juventude está sem esperança no futuro do Brasil. Os “caras pintadas” se transformaram em “caras fechadas”.

Percebi então que não precisamos sair de casa para sentirmos o fedor que exala da corrupção em que o nosso país está mergulhado, mostrando o seu estado de putrefação. O governo tenta tampar o sol com a peneira do futebol e do samba, mas deixa claro o paraíso em que o Brasil (um país de todos!) se tornou para àqueles que desejam dinheiro fácil. "A política e as leis são compradas por altas somas de dólares. Escândalo após escândalo humilham a nossa nação, amorais inescrupulosos viciados pelo poder nos governam através de um governo de puro clientelismo ordinário na rotina de destemperos da nossa nação."

Que motivos temos para nos orgulharmos desse Brasil? Sua história é toda inventada, e continua sendo manipulada. Precisamos de um novo grito de independência.

Como criticar jovens que crescem vendo seu país afundar na politicagem, onde seus maiores exemplos são os governantes corruptos; os jogadores de futebol que saem do país em busca de uma vida melhor; as mulheres sem pudor, totalmente nuas, nas revistas, televisão e calçadões da cidade; professores, médicos, advogados, policiais, políticos e toda sorte de profissionais que deveriam cuidar do povo, abusando de nossas crianças; as drogas, a violência, a discriminação racial e social. Diga-me que razões temos para cantar o hino nacional? A ordem e o progresso são só poesia. Um futuro melhor para o povo brasileiro ainda não deixou de ser utopia.

Hoje eu não tenho motivo para entoar o hino nacional, pois me sinto um filho abandonado pela amada mãe gentil. Brasileiro sim, mas de orgulho ferido por uma pátria que só tem me feito sentir vergonha.