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terça-feira, 10 de abril de 2012

Não sei ser poeta


Os três poemas à seguir fazem parte do meu primeiro livro. Espero que gostem ou não. Não esqueçam de deixar seus comentários.


NÃO SEI SER POETA

Tudo o que eu queria era simplesmente um lugar tranquilo
onde eu pudesse repousar a cabeça e descansar minha mente das preocupações da vida,
e, quem sabe assim, adormecer e sonhar com um céu mais azul,
com uma aventura entre heróis desconhecidos,
ou melhor ainda, sonhar com meu grande amor.

Porém descobri que não existe nada melhor do que a vida que se sabe viver,
que se pode viver, que se quer viver.

A vida é apenas um meio de existir,
e o sonho, uma forma de refúgio,
onde o subconsciente é tão verdadeiro quanto o mundo que vemos e em que vivemos.

Será que sei viver? Será que não sei sonhar?

Não sei as respostas para minhas indagações,
muito menos sei quais são as minhas dúvidas.
Sei apenas que meu refúgio é secreto enquanto for apenas meu,
que minha vida é daqueles que precisam de mim
e as letras apenas o contorno da minha alma que se traduz nas entrelinhas de um contexto poético que é a minha própria vida.

Não sei ser poeta, mas sei dizer o que é preciso.
Encontro-me em êxtase se apenas estiver com quem amo
e sei o quanto é difícil amar,
ainda que não conheça o amor,
ainda que não entenda as palavras,
ainda que o sonho seja somente sonho.
O que faz a diferença são as minhas atitudes.

Quem sabe um dia eu encontre as palavras escondidas
e enfim entenda a poesia inexplicável que se traduz em mim.


VOU ABANDONAR-ME

Vou abandonar-me nesses versos,
Desnudar a minha alma que insiste em empurrar-me
Desse precipício que é a vida.

Vou alçar voo rumo ao reino das palavras,
A clausura dos meus sentimentos
Já não é suficiente para conter
O magnetismo que me atrai a elas.

Sou andarilho nesse mundo,
Não tenho eira nem beira.


Quero apenas um papel e uma caneta,
Quero apenas uma rima bem feita
Que liberte-me para essa vida
E torne meus versos livres.


Vou abandonar-me para que outros me encontrem,
Despir-me do obsoleto,
Esquecer o perfume bucólico das lembrança
Flagelar-me sem dó na consciência
Com o amor verdadeiro e a paixão mais intensa.

Quero encontrar-me abandonado
Em qualquer canto da prateleira mais empoeirada da estante.
Quero ser esquecido para ser lembrado por cada verso de quem eu sou.

Habitarei as entrelinhas ou o rodapé de cada página,

Estarei aqui enquanto houver palavras,
Estarei ali enquanto houver leitor,
Permanecerei enquanto houver história.


PRA NÃO FALAR QUE EU NÃO FALEI DE FLORES


Pra não falar que eu não falei de flores
Faço de um poema simples, um jardim,
Um refúgio secreto dos amores,
Onde os versos são flores para mim.

Pra não falar que eu não falei de flores
Deixo a emoção florar nesses meus versos
E então pintar a vida com as cores,

Que nas folhas em branco do caderno

Dão forma ao coração que em verso assume
As palavras que exalam o perfume
Que perfuma essa vida com amores


Pois todo amor que floresce em meu peito
Revela o predicado de um sujeito
Que aqui só quer poder falar de flores.