Bom dia a todos!
Segurando a ansiedade, publico hoje, aqui no blog, o prefácio do meu primeiro livro "NÃO SEI SER POETA", que está previsto para ficar pronto em meados do mês de abril.
Sou suspeito para falar da pessoa que escreveu o prefácio, pois além de ser uma grande conhecedora de poesias, é uma mestra sem igual e uma grande amiga.
Com vocês Lenise Dutra que me deu a honra de prefaciar minha primeira obra literária.
Segurando a ansiedade, publico hoje, aqui no blog, o prefácio do meu primeiro livro "NÃO SEI SER POETA", que está previsto para ficar pronto em meados do mês de abril.
Sou suspeito para falar da pessoa que escreveu o prefácio, pois além de ser uma grande conhecedora de poesias, é uma mestra sem igual e uma grande amiga.
Com vocês Lenise Dutra que me deu a honra de prefaciar minha primeira obra literária.
PREFÁCIO
( do livro Não sei ser poeta, de Igor José)
O exercício da escritura poética é uma tarefa que exige coragem e trabalho beneditino com as palavras: a poesia que provoca embriagamento da alma, que nos liberta das dores existenciais, que nos leva à contemplação da beleza dos versos. Charles Baudelaire, em Pequenos Poemas em Prosa profetiza... “É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão. Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se [...] É hora de embriagar-se!”. Escrever por sentir apenas, na busca do poeta pelo verso e pelo seu lirismo pessoal, o conteúdo poético das suas palavras.
Divagando em meus pensamentos/Encontro-me no êxtase de mim mesmo. Com estes versos, Igor José anuncia seu ofício: o de poetar. Não sei ser poeta, essa incursão do autor pelo universo do texto poético aponta para uma poesia anatômica em que o encontro da palavra com a emoção se faz sem melindres: elas se procuram e se coadunam sem pudor: “Hoje quem escreve não sou eu/Mas o poeta que está em mim/Minha razão e minha emoção/Estão em suas mãos/Ou melhor, em sua caneta [...]”. Seus
poemas evidenciam isto: “Não sei ser poeta, mas este poeta está em mim, busco a contemplação da liberdade poética, ando por aí, a voz da poesia faz-me escravo da liberdade [...]”. Busca, contempla, duvida.
Como Bandeira, levanta a bandeira da liberdade poética: “Abaixo às medidas e as rimas pré-elaboradas para agradar aos ditadores da língua./Soltem os versos!/Libertem os versos desse universo literário adstrito aos arcaísmos/cosmopolitas, às sintaxes de pensamentos. /Liberdade aos ingramáticos!”. Seguindo Pessoa na pessoa de Álvaro de Campos, “Eu sou o que sou, o que faço é problema meu”, rejeita qualquer forma de exigência em busca do lirismo que aprisiona, que não seja libertário. Ou ainda, acompanhando os passos de Augusto dos Anjos, questiona a própria existência, escreve por palavras, mas suas palavras parecem ganhar vida, ali há um coração pulsando “... Mas caí como um verme / No centro de um lixão,/ Sinto-me mais que um nada/ Rastejando na rua./ Estou sentindo nojo, / Do meu eu me despojo,/ Um verme sei que sou!”. É fisiologia em palavras. Mantém, para sua escritura poética, os olhos voltados para os poemas dos mestres. Um poeta de muitas vozes e de muitas faces, como Drummond. A este dedica seu DRUMMOND: “Olho para o rosto do mestre/Escondidos por detrás dos óculos /Seus olhos me encontram”. A poesia de Igor mantém com a poesia de Drummond um namoro silencioso: “Folheio a sua biografia/ Encontro-me com um José/ Assim como eu e tantos outros.”
Chamo de singular o poeta Igor José, o verso é sua matéria. Os poemas estão na ponta língua prontos para serem degustados pelo leitor. Talvez sofra dos males dos românticos... Insônia, desejo, sonho, lirismo; talvez incorpore a ideologia dos modernistas na busca do verso sem aprisionamentos, sem medidas. O que importa é a feitura do texto, sem apelos temáticos e estruturais. Em sua poesia cabem os sonhos, as dores, o amor, o medo, a desilusão, o ofício.
Crescem juntas a poesia e a emoção de Igor José: brotam da mesma fonte, correm em leitos paralelos e encontram-se. É a vida, o lado oculto e individual do poeta, que pulsa em sua poesia repleta de lirismo. Sua poeticidade se manifesta no fato de a palavra ser sentida como palavra e não como simples substituto de um objeto ou de uma emoção.
Enfim, mostra-se, e na sua urgência deixa para o leitor a tarefa de decifrá-lo, ora como o monstro que habita o porão da alma, ora como um passarinho que foge de sua gaiola.
Profª Ms. Lenise Ribeiro Dutra de Campos
Mestra em Literatura Brasileira
Especialista em Língua Portuguesa
Graduada em Letras