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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

C. S. Lewis: satanista infiltrado?

Numa dessas palestras que dei pelo país, certo aluno de teologia questionou a amizade que C.S. Lewis tinha com Charles Williams, autor, revisor e autodidata, que muitos consideram ocultista e praticante de ritos de magia, além de ser membro da seita Rosa Cruz.

Primeiro, é preciso considerar que realmente esse último autor me pareceu bastante obscuro quando o li e é possível que aqueles que o tomam como ocultista tenham razão. Mas eles não param por aí. A partir disso eles concluem que não só Lewis tinha amizade e admiração por esse “Inkling” (nome do grupo de discussão fundado por J.R.R. Tolkien e Lewis), como também era simpatizante ou até participante de suas ordens ocultistas.




Essa amizade também serve de base para a alegação de que os livros de Lewis, particularmente as “Crônicas de Nárnia” e suas imagens pagãs, a figura da feiticeira e o uso da palavra “magia” para o poder redentor de Aslan, demonstram a sua adesão a práticas de magia negra e o culto a Satanás.


Ou seja, C.S. Lewis, por ter sido amigo de um satanista, também seria ele mesmo um satanista e dos mais perigosos: ele seria um satanista infiltrado no meio cristão, um “demônio” vestido de anjo de luz!


Posto isso, gostaria que se atentasse para alguns fatos: primeiro, a amizade de Lewis com Charles Williams começou em 1936 e foi interrompida pela morte súbita de Williams, em 1945, ou seja, ela durou menos de dez anos. Essa não era a única amizade de Lewis. Em “O Dom da Amizade: J.R.R.Tolkien e C.S. Lewis”, de Colin Duriez (Martins Fontes) especula-se que um dos poucos motivos de briga entre os dois tinha relação com a amizade de Lewis com Williams, de quem Tolkien não gostava muito.


Em segundo lugar, a amizade foi em grande parte profissional. Williams era revisor dos textos de Lewis para publicação pela editora da Universidade de Oxford, principalmente de sua tese de mestrado, “The Allegory of Love” (A Alegoria do Amor, tradução minha para o português pela É-Realizações Editorial). As cartas que ambos trocaram nesse curto período de tempo pouco falam de teologia, porém mais de literatura, que era o campo acadêmico de Lewis.


Terceiro: na primeira carta que Lewis escreveu para Williams, além de elogiar muito os escritos de Williams, ele também admitia que achava o seu estilo de escrita bastante “complicado”. Em outras palavras: Lewis não o via com olhos acríticos.


Quarto: nem todos os “Inklings” eram cristãos. Owen Barfield, por exemplo, era adepto da antroposofia. Na verdade, o grupo praticava o que hoje se chama “diálogo religioso” e “inclusivo”, ou seja, o tratamento igualitário no que diz respeito à religião de cada um. Prova viva disso é a própria amizade entre Tolkien (um católico fervoroso) e Lewis (um anglicano). Nisso, eles se espelhavam no jornalista católico, G.K. Chesterton, que tinha amizade com os seus maiores adversários em termos religiosos, como George Bernard Shaw, um ateu “relutante”, mas convicto.


Aliás, a teologia praticada no grupo visava atentar para os pontos comuns entre as religiões, mas particularmente, entre as vertentes do cristianismo.

Então, o fato de Lewis ter tido amizade com um adepto de seitas ocultistas não quer dizer que ele aderia a elas. O fato de Jesus ter se assentado à mesa com os pecadores (que somos todos nós), não quer dizer que ele mesmo fosse pecador ou que aderia à prática do pecado.

Para entender melhor as relações de C. S. Lewis com o ocultismo e seu claro posicionamento contra o mesmo após a sua conversão, leia “O Mais Relutante dos Convertidos” (Editora Vida), de David C. Downing.


Finalmente, é preciso considerar que um “infiltrado”, via de regra, (veja todos os filmes que você já tenha assistido e os livros que já tenha lido) é o agente do bem, em um meio mal, e não vice-versa. Um filtro normalmente serve para purificar (a água, por exemplo) e não para poluí-la.


Já pensou um bandido “infiltrar-se” no meio dos policiais? Será que ele lutaria contra o crime com tanta paixão e engajamento quanto um policial? Ele pode até prender bandidos, mas sempre com a intenção de liberá-los em algum momento e acabaria sendo desmascarado pelos policiais, ou morto pelos colegas bandidos se prendesse muitos deles. Lewis lutava contra as artimanhas do diabo (veja “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, Editora Martins Fontes) e não comungava com elas. No prefácio desse livro, Lewis comenta que há duas formas de pensar sobre o Mal que “agradam ao Mal”: pensar que ele não exista; ou então, no extremo oposto, pensar que ele seja o dono do pedaço, que seja preciso “amarrá-lo” para escapar de seus poderes mirabolantes.


Encerramos com esse pensamento de Lewis em “Cristianismo Puro e Simples” (Martins Fontes): “um território ocupado pelo inimigo – assim é esse mundo” (p. 61) .O agente infiltrado é Deus, não o mal. Este não tem a competência para infiltrar-se, e nem o faria, por medo de ter que fazer o bem. A quantidade de pessoas a quem Lewis fez e continua fazendo bem é tão grande, que qualquer Satanás empalideceria de raiva.


Por Gabriele Greggersen

Mestre e doutora em educação (USP) e doutoranda em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br

fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/c-s-lewis-satanista-infiltrado

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Simonami e a dor de uma canção

Composições delicadas e doloridas. Dores expurgadas em formato de canções suaves, dolentes, cativantes, algo ingênuas. O álbum Então Morramos é o novo trabalho da banda Simonami e está à disposição de quem chegar ao site do grupo: simonami.art.br . Canções orgânicas, acústicas, que misturam amor e dor. A maioria cantada por uma voz sem igual, uma das mais interessantes do Brasil atual, a de Lilian Soares.
A ela pedi que me explicasse o disco. Muitas vezes, o artista cria, sem saber muito bem explicar o que criou. Simplesmente faz e parece um processo tão fácil que chega a dar inveja. Quando insisto, eles têm de se debruçar racionalmente sobre o que criaram e revelam-se para nós e para eles mesmos.
Eis alguns trechos do depoimento-reflexão de Lilian Soares sobre Então Morramos, da Simonami, que teve a produção de Vinícius Nisi:
O álbum
“Juntamos todas as nossas frustrações e angústias pra jogar na cara de todo mundo. Eu tenho a sensação de que era mais ou menos isso o que a gente queria dizer no primeiro trabalho mas faltaram palavras, memórias, sei lá o quê.
‘Soledad’, ‘Ampulheta’, ‘Fantasma’, ‘Pedido ao Pás­­saro’, ‘Janela’, ‘Irmã’, são alguma ‘ressignificação’ das nossas vidas. De todo tipo de dor, das solidões que vivemos, das mágoas, das mortes que vivemos, e de como em família (que é como a gente se considera) vivemos todas essas coisas.
É um retrato do nosso estômago, das nossas entranhas. Queremos muito que essa dor alcance um planeta inteiro. Para desordenar algumas coisas e reordenar outras. Talvez esse seja um dos atributos da obra de arte.”
Os donos de cada “poema”:
“‘Soledad’, ‘Janela’, ‘Irmã’, ‘Sin Premura’ são da Lay, a quem a gente adere sempre mais. Ela está longe, em Londrina, escreve como ninguém. É uma forma de a gente preencher esse vazio da falta dela aqui em Curitiba e de dar voz pra tudo o que ela tem pra dizer.
‘Coisas da Escolinha’ e ‘Ampulheta’ são do Shan. ‘Ampulheta’ nasceu enquanto o Então Morramos ia acontecendo. ‘Coisas da Escolinha’ estava entre a gente há tempos e tinha virado tão xodó que resolvemos colocar no conglomerado também!
‘Fantasma’ e ‘Pedido ao Pássaro’ Jean escreveu. Toda a banda considera a ‘Pedido ao Pássaro’ a melhor coisa que ele já escreveu na vida. Somos apaixonados pelo refrão.
E eu escrevi ‘nós-um’ pra ele, hehe. A gente fez juntos, na verdade, porque eu sou muito ruim de violão. Escrevemos pro nosso tal ‘save de date’ do casamento (casamos em abril desse ano).”
Vinícius Nisi e a produção
“Nasceu um carinho muito grande pelo Vinícius durante a gravação. Ele fez tudo com um empenho sem tamanho. Abriu a nossa cabeça e os nossos corações pra tirar as nossas referências de lá e nos entender.
Ele passou horas ouvindo Bon Iver, Sean Carey, Fleet Foxes, novidades que a gente jogou na cara dele, ahahahha. Aí ele nos entendeu.
Pedimos pelo amor de Deus pra não gravar do jeito convencional, sabe? aquele em que se grava primeiro a voz, depois a percussão, depois os violões, um por vez, com metrônomo?
O Nisi acolheu e deu vida pra ideia maluca de montar 10 microfones de estúdio todos juntos e gravar a gente tudo junto ao mesmo tempo. Uma ou outra coisa foi gravada depois, mas só os microdetalhes, tipo um sininho. Nossas vozes foram cantadas todas ao mesmo tempo. Acho que essa energia está aí.”
Lo-fi
“Queríamos muito que as canções não ficassem plastificadas, corretíssimas, nítidas, acentuadas pelos programas de computador que corrigem coisas. Somos nós aí, nus e crus. O Nisi é um baita dum profissional, então ele usou os botões da pós-produção sem tirar isso da gente. Está sem artificialidades. Está essencialmente a gente.
Achei que o pessoal não fosse entender essa cara de ‘gravado no quintal’, o tal do lo-fi, mas acho que as pessoas andam com a sensibilidade ativada mesmo…
Eu podia te contar o que motivou cada composição, mas em cada música mora um feitiço maluco que acontece quando a nossa história encontra a história de quem tá ouvindo e desmistificar isso seria um crime. A gente resolveu com votação em reunião que não ia mais explicar música pra não matar a imaginação de quem recebe as canções.”
Fonte:Publicado em 25/09/2013 | LUIZ CLAUDIO OLIVEIRA - LUIZS@GAZETADOPOVO.COM.BR

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Embelezar

Com vocês a belíssima “Embelezar”, canção de Jorge Camargo e Gladir Cabral. Segundo o Jorge , a canção “Embelezar” nasceu depois que ele se encontrou com a poesia de Adélia Prado e sua estética.



Diferente de tudo o que Jorge já fez em 30 anos de música, neste novo álbum, “Tudo que é bonito de viver” ele faz uma viagem por sua alma, visita seus amores e medos, confronta sua procura e seus (des)encontros.
“Os ideais que iluminaram meu caminho e sempre me deram coragem para enfrentar a vida com alegria foram a Verdade, a Bondade e a Beleza.” (Albert Einstein). “Embelezar” é parceiria de Jorge Camargo com Gladir Cabral.

Gravado em março de 2011.
Produzido por 4UFilms e W4 Editora
Apoio Britodesign e XRBM Estudios

Jorge Camargo – voz e violão
Daniel Maia – baixo
Fernando Merlino – piano
Maurício Caruso – guitarra
Misael Barros – bateria

Miguel Nagle – diretor e Editor
Daniel Brito – diretor de produção e design
Gabriela Ramos – diretora de fotografia
Gabriel Chiarastelli – operador de câmera
Silas Chosen – assistente de direção
Simone Albuquerque – 1º assistente de fotografia
Eric Garcia – 2º assistente de fotografia
André Aquino – captação de áudio
Maurício Caruso – mixagem
Ney Almeida – técnico de som pa

jorgecamargo.com.br
4ufilms.com
w4editora.com.br
britodesign.com

Fonte: http://nossabrasilidade.com.br do querido Marcos Almeida.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Yeshua, Esse É o Meu Rei


Yeshua, Yeshua (2x) /
A Bíblia diz : Meu Rei é o Rei dos judeus / Ele é o Rei de Israel / Ele é o Rei de justiça /
Ele é o Rei da historia / Ele é o Rei do Céu / Ele é o Rei da glória / Ele é o Rei dos reis /
e Ele é o Senhor dos senhores / Este é o meu Rei! / Me pergunto se você O conhece /
Meu Rei é um rei soberano / Nenhum tipo de medida pode definir Seu amor ilimitado /
Ele é continuamante forte / Ele é inteiramente sincero / Ele permanece para sempre /
Ele é imortalmente gracioso / Ele é imperialmente poderoso / Ele é imparcialmente misericordioso /
Este é o meu Rei!Yeshua / Ele é o Filho de Deus / Ele é o salvador do pecador /
Ele é a peça central da civilização / Ele vive em Si mesmo / Ele é augusto / Ele é único /
Ele é sem paralelo / Ele é sem precedentes / Ele é supremo /Ele é pré-eminente /
Ele é a sublime idéia na literatura / Ele é a mais alta personalidade na filosofia /
Ele é o problema supremo na alta crítica / Ele é a doutrina fundamental da teologia verdadeira /
Ele é o único qualificado para ser um salvador totalmente suficiente /
Me pergunto se você conhece hoje! / Ele é o milagre do século /
Ele é o único capaz de suprir todas as nossas necessidades simultaneamente /
Ele supre força para o fraco / Ele está disponível ao tentado e o atribulado /
Ele se compadece e salva / Ele guarda e guia / Ele cura o doente / Ele limpa o leproso /
Ele perdoa pecadores / Ele absolve devedores / Ele liberta os cativos / Ele defende o fraco /
Ele abençoa o jovem / Ele serve ao desafortunado / Ele honra ao velho /
Ele recompensa ao diligente e Ele embeleza o humilde / Você o conhece? /
Meu Rei é a chave do conhecimento / Ele é a fonte da sabedoria /
Ele é a entrada da libertação / Ele é o caminho da paz / Ele é a estrada da justiça /
Ele é a vereda da santidade / Ele é o portão da glória / Ele é o mestre dos poderosos /
Ele é o capitão dos conquistadores / Ele é o cabeça dos heróis / Ele é o líder dos legisladores /
Ele é o superintendente dos vencedores / Ele é o governador dos governadores /
Ele é o príncipe dos príncipes / Ele é o Rei dos reis e Ele é o Senhor dos senhores / Este é o meu Rei! /
Meu Rei... / Seu ofício é múltiplo / Sua promessa é certa /
Sua luz é inigualável / Sua bondade não tem limites /
Sua misericórdia é eterna / Seu amor nunca muda /
Sua Palavra é plena / Sua graça é suficiente /
Seu reino é justo / Seu fardo é leve e o Seu jugo é suave /
Bem.../ Eu desejaria poder descrevê-lo para você... mas Ele é indescritível... Ele é indescritível/
Ele.../ Ele é incompreensível / Ele é invencível / Ele é irresistível /
Estou tentando lhe dizer que os céus dos céus não podem contê-lo, muito menos um homem explicá-lo / Você não pode tirá-lo de sua mente /
Você não pode afastá-lo de suas mãos /
Você não pode prolongar os Seus dias e não pode viver sem Ele /
Os fariseus não O suportaram, mas descobriram que não podiam para-lo /
Pilatos não achou falha nele /
As testemunhas não conseguiram fazer com que seus testemunhos concordassem sobre Ele /
Herodes não pôde matá-lo / A morte não pôde lidar com Ele, e a sepultura não pôde contê-lo /
Este é o meu Rei! / Ele sempre foi e Ele sempre será /
Estou falando sobre... [o fato que] Ele não teve predecessor... e não terá nenhum sucessor /
Não havia ninguém antes dele... e não haverá ninguém após Ele /
Você não pode depô-lo... e Ele não irá renunciar / Este é o meu Rei! / Louve ao Senhor.../
Este é o meu Rei! / Teu, teu é o reino... e o poder... e a glória /
todo o poder pertence ao meu Rei /
Nós ouvimos falar por aqui de poder negro e poder branco e poder verde / mas o poder é de Deus /
Teu é o poder e a glória / Tentamos conseguir prestígio e honra e glória para nós mesmos /
mas a glória é toda dele /
Teu é o reino... e o poder... e a glória... para sempre... e sempre... e sempre... e sempre /
Quão longo é isso? / E sempre... e sempre... e sempre... e sempre /
E quando você passar por todos os para sempre... então Amém! Yeshua, Yeshua (2x)

Deus abençoe!

sábado, 6 de abril de 2013

{SÍ}MONAMI


Há algum tempo descobri essa banda na internet enquanto garimpava alguma coisa nova para ouvir. Fiquei encantado na hora. Como poeta que sou, o som desses caras caiu como um trilha sonora perfeita para que minha inspiração crescesse e todo o lirismo contemporâneo que encontrei nas composições dessa galera veio de encontro a minha necessidade poética.

Não passo um dia sem ouví-los, sem apreciar o som gostoso que sai dessa mistura que eles fazem de experiências e criatividade.

Vale a pena conferir.

SENHORAS E SENHORES VOS APRESENTO {SÍ}MONAMI



Para quem quiser conferir mais informações sobre a banda {SÍ}MONAMI
é só acessar o site: http://simonami.art.br/

quinta-feira, 4 de abril de 2013

AO ROMPER DA NOITE



Ao romper da noite
a névoa da incerteza envolve a vida,
distorce os sonhos,
escraviza a esperança
enquanto o terror noturno
agiganta-se sobre a perspectiva humana.


Os homens transformam-se em lobos,                outros se disfarçam de vampiros,
enquanto todos se fingem de humanos
quando não passam de mortos-vivos.

A noite jaz tensa em trevas.
Os corações humanos se amedrontam
com a escuridão que preenche a vida tão lacônica
enquanto vamos caminhando,

e de abismo em abismo 
vamos caindo.

A vida está à beira do penhasco.
Lá embaixo o portal de uma nova dimensão,
lá no céu, os raios de uma nova existência.

O céu está escuro
sem lua, sem estrela.
A vida está encoberta
não dá pra ver o horizonte,
os olhos estão abertos
e não consigo enxergar o futuro.

O mundo está caduco.
Perdido em meio aos escombros,
o homem descansa sobre o monturo da irracionalidade.
Recosturou o véu
e amarrou a corda no próprio pé,
mas para quê se Deus já não está ali?

Deus onde estás?

Não encontro a mão estendida
nem um semblante amistoso,
apenas uma multidão depressiva agrilhoada por regras opressivas.

Não adianta sacrifícios, são todos tolos.
Olho para o imenso trigal sufocado por joios
A seca é impiedosa
E a morte parece ser solução.

O que será que dá para colher disso tudo?

Templos abarrotados de gente
Subsistem alimentando-se da desgraça alheia
E desgraçam ainda mais o homem.
Enquanto vive-se o legalismo corrupto
da política e da religião.
Farisaísmo do terceiro milênio!

Os homens não se entendem,
a mesma língua parece estranha – e é estranha.
Se vem do céu eu não sei.
De onde vem eu apenas imagino.

Profecias são pronunciadas por quem não conhece nem o passado,
como consegue então enxergar o futuro?

Quero trazer à memória
Aquilo que me traz esperança.
Os sonhos de criança,
A pureza do coração infantil.
Deixai vir as criancinhas, delas é o reino dos céus.

As crianças! Cadê as crianças?
Foram obrigadas a crescer antes do tempo.
Os homens maus estragaram o futuro que ainda não chegou.
Violentaram, maltrataram, abusaram de nossas crianças.

Onde estão as crianças?
Nos semáforos pedindo dinheiro,
Nas ruas pedindo esmolas, roubando, drogando-se.
Viciadas em uma vida que não lhes pertence.

Estou cansado desse mundo!
Mas não posso deixá-lo como está.
Não podemos permitir tudo isso,
E ninguém sabe o que fazer.

Olho para o céu escuro
já não há estrelas para me guiar,
não há razão para sonhar.
Há apena um vazio nos olhos dos homens
e uma pedra no lugar do coração
que já não bate,
apenas revela que o amor é um artigo difícil de se encontrar.

O homem vive como quer
exerce seu direito
o livre arbítrio é seu respaldo para pecar.
Idiotas!
Idiotas é o que somos!

Deus pôs no coração do homem
o anseio pela eternidade
e mesmo assim não compreendemos
as ações do Criador.

Mas quando vier Aquele que é perfeito
O veremos face a face
E creio que não será tarde demais para mudar a poesia humana,
pois o chronos só existe porque um dia a eternidade lhe deu a luz.

¬ Poesia inédita para meu próximo livro.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

CADÊ O MEU PENSAMENTO?


Onde estará agora o meu pensamento?
Por onde anda?
Aonde vai?
Encontrar-te seria minha alegria,
Ouvir a tua voz, o meu consolo.

Onde estará agora o meu verso?
Em qual poema?
Em qual livro?
Deve estar em alguma página desse dia.

Queria poder vê-lo...
Queria poder lê-lo...
E quem sabe assim entendê-lo!

Cadê o meu pensamento?
Onde estará?

Deve estar vagando pelo mundo do amor
Apaixonado, largado,
Esperando encontrá-la
Em algum poema escrito para nós,
Onde eu posso ouvir a tua voz
Sob a luz da lua, abraçado a você
Sem precisar ter que escrever
Mais uma linha nesse poema
Para dizer que te amo.


¬ Extraído do livro SE NÃO DER TEMPO DE DIZER ADEUS  de Igor Jose.

terça-feira, 2 de abril de 2013

VOU ABANDONAR-ME

Vou abandonar-me nesses versos,
Desnudar a minha alma que insiste em empurrar-me
Desse precipício que é a vida.

Vou alçar voo rumo ao reino das palavras,
A clausura dos meus sentimentos
Já não é suficiente para conter
O magnetismo que me atrai a elas.

Sou andarilho nesse mundo,
Não tenho eira nem beira.

Quero apenas um papel e uma caneta,
Quero apenas uma rima bem feita
Que liberte-me para essa vida
E torne meus versos livres.

Vou abandonar-me para que outros me encontrem,
Despir-me do obsoleto,
Esquecer o perfume bucólico das lembranças,
Flagelar-me sem dó na consciência
Com o amor verdadeiro e a paixão mais intensa.

Quero encontrar-me abandonado
Em qualquer canto da prateleira mais empoeirada da estante.
Quero ser esquecido para ser lembrado por cada verso de quem eu sou.

Habitarei as entrelinhas ou o rodapé de cada página,
Estarei aqui enquanto houver palavras,
Estarei ali enquanto houver leitor,
Permanecerei enquanto houver história.

¬ Extraído do livro NÃO SEI SER POETA de Igor José.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

CASTIGO

Se eu gritasse, será que alguém me ouviria?
Ou será que todos fingiriam-se de surdos?


Que ignorância a minha
Achar que alguém prestaria atenção
Em minhas palavras toscas,
Em minhas rimas pobres.


Querer ser poeta é pedir para ser chamado de louco
Nesse mundo inculto e insensível
Onde o errado é o certo
E o lado certo é do avesso.


Meu grito ecoaria no vazio desse mundo oco
E finalmente silenciaria a minha dor
Quando atingisse os decibéis necessários
Para me fazer entender
Que o castigo para quem se liberta
É ficar cativo dos dogmas sociais
Enquanto é torturado
Pela ignorância da humanidade
Seu principal verdugo.


(Do livro NÃO SEI SER POETA  de Igor José)