Por Igor José
Chegamos à
segunda década do século XXI, O futuro da humanidade, hoje totalmente
dependente da modernidade tecnológica, é um mistério. A roda do sistema conduz
o homem pela vereda da vida rumo a um futuro desconhecido, onde as informações
chegam a velocidades indescritíveis e a globalização é mais do que uma mera
palavra usada para traduzir a união dos povos, mas a realidade de um mundo que
miscigena ideias como um grande caldeirão efervescente onde as opiniões se unem
ou se chocam sejam elas referentes à economia, política, fé ou cultura, e assim
novas tendências e conflitos vão surgindo.
Culturalmente
o Brasil se traduziu, durante um longo tempo, muito suficiente na literatura
modernista, que com uma visão futurista, rompeu a barreira do tradicionalismo e
mesmo com influências importadas, principalmente da frança, conseguiu obter uma
identidade adquirida como uma carta de alforria, assinada por Graça Aranha, na
Semana de Arte Moderna de 1922.
Entretanto,
essa liberdade tão desejada no início do século XX, para se criar novos textos,
com novas técnicas e propostas, conseguidas a custo de uma ruptura brusca com
as escolas literárias anteriores e ampliada no decorrer dos anos seguintes, agora
no auge dos seus noventa anos, se perde na era tecnológica que domina o mundo,
devido um conhecimento superficial (ou falta dele) das lutas modernistas e sua
finalidade por parte, principalmente dos jovens, que não se interessam pela
arte literária mais nacional que artistas brasileiros já produziram.
Como professor
de língua portuguesa, confesso me sentir um pouco perdido com relação a tudo
isso. Sinto-me despreparado para participar da evolução cultural do meu país,
diferentemente daqueles que lutaram pelo rompimento das artes com o
tradicionalismo e as tendências europeias; dos jovens que lutaram contra a
revolução de 1930 e dos que combateram o golpe militar de 1964, que se engajavam
politicamente em prol do país em todas as áreas, principalmente a da liberdade
cultural. Contudo as gerações passam e fica apenas o legado. E é essa herança
que permanece nos livros, nos jornais e na internet para que nós, os novos
responsáveis pela língua, pela literatura e pela arte em geral, não deixemos
que a nossa identidade cultural se perca, mas que a nossa brasilidade se
fortaleça numa renovação de ideias que se traduzam nas artes das mais variadas
e no modo de ser brasileiro.
